sábado, 18 de setembro de 2010

Lula em estado puro anima o povo no palanque de Minas


Insuspeito por suas óbvias opções políticas e ideológicas, o jornalista Josias de Souza publicou em seu  blog um texto em que Lula aparece, digamos, em estado puro. O Lula que, no palanque, diante do povo, solta-se para além das vestes da Presidência. Um Lula que faz rir, que entusiasma e, como sempre, comove. Vale a pena ver.

Lula ironizou na noite desta sexta (17) a mais nova plataforma de campanha de José Serra: o salário mínimo de R$ 600. “Agora, na política, vale tudo. Eles prometem mais aumento para o salário mínimo. Êêêêêta homem bom. Será que eles pensam que o povo é tonto?”

As provocações de Lula soaram do alto de um palanque montado na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O comício foi transmitido ao em tempo real na web. Ao lado da pupila Dilma Rousseff, Lula evocou a era FHC: “Eles governaram esse país por muitos anos e não fizeram o que estão prometendo agora”.

Erguendo a voz, Lula insinuou que o tucanato prefere os ricos aos pobres. Disse que tucano só olha para baixo em época de eleição. “Não tem um político que tenha coragem de ir pra televisão defender os ricos. Todo mundo defende pobre. Quanto mais pobre, mais ele adora...”

“...Só que, depois das eleições, se eles ganham, o primeiro café da manhã não é com os pobres, é com os ricos. O primeiro almoço que eles fazem não é com os pobres, é com os riscos. A primeira janta também não é com pobres, é com ricos”.

Deu a entender que Serra saiu-se com a idéia de elevar o valor do mínimo porque já antevê a derrota. “Eu tô sabendo que tem gente nervosa.. E não somos nós que estamos aqui”. Fez um pedido à platéia: “Levanta a mão pra ver se tem alguém tremendo aqui”.

Atendido, emendou: “Não tem ninguém tremendo. Do lado de lá, se eu mandar levantar a mão, tem gente que vai cair os dedos de tanta tremedeira. Eles estão com raiva. Primeiro porque não acreditavam que fôssemos ganhar em 2002. Ganhamos...”

“...Depois, eles acreditavam que não ia dar certo e que, quatro anos depois, eles voltavam. Se enganaram. Nós ganhamos outra vez. Depois, eles pensaram que não ia dar certo. E deu tão certo que até eles colocam a minha cara no programa deles na TV, como se fossem meus amigos”.

Recordou o menosprezo com que o nome de Dilma foi recebido quando ele a anunciou que ela seria sua candidata à sucessão. “Eles diziam: Esse lula é louco. Ele vai escolher uma mulher? O Brasil não tem hábito de votar em mulher. Vai vai escolher pessoa que não tem culturea política...”

“...Uma pessoa que não participa das reuniões partidárias, que nunca foi deputada, senadora, vereadora, prefeita. O lula tá louco. Algumas pessoas diziam assim: [...] Ele ta escolhendo alguém que nunca fez comício, nunca fez debate na TV com especialistas”.

Nesse ponto, alfinetou Serra: “Tucano já nasce pensando que é especialista”. Continuou: “Eles achavam que a Dilma era um caso derrotado. E eu dizia: pobres coitados, não sabem o que os espera”.

Voltando-se para Dilma, emendou: “Precisou apenas poucos dias e poucos debates, pra essa mulher já estar 27 pontos na frente deles em todo território nacional”. Desdenhou das chances de Serra: “Eles sabem que tá mais fácil ela [Dilma] crescer mais [nas pesquisas] do que eles crescerem”.

Sem mencionar o nome de Serra, disse como avalia a participação dele nos debates presidenciais: “Tem candidato que vai no debate com a Dilma, que eu pensava que era moderno, e o cidadão tem cara de ontem. Pensa como um cara de anteontem”.

Como de praxe, dedicou um pedaço do discurso à imprensa. Disse: “Alguns dos órrgaos de jornais deviam ter a cor e a cara do candidato que eles defendem, parar de falar em neutralidade...”

“...Quem faz oposição nesse país é determinado tipo de imprensa. Ahhh, como inventa coisa contra o Lula. Se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação, teria zero, 90% das coisas boas desse país não são mostradas”.

Além de Dilma, dividiram o palanque com Lula os integrantes da chapa de Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo mineiro. Ao defender a eleição dos aliados, insinuou que o tucano Aécio Neves e o candidato dele, Antonio Anastasia, não o querem em Minas.

“Tem gente que gostaria que eu não viesse aqui. Ahhh, meu Deus, imagina vocês! Eles gostariam que é que nós não existíssemos. Esse negócio de peão ser presidente e, agora, uma mulher... É demais. Não há quem agüente. [...] Essas pessoas acham que o Estado é uma espécie de quintal e que eles são donos”.

Ironizou Aécio, acusado pelo comando da campanha tucana de “esconder” Serra na sua campanha para o Senado e na de Anastasia para o governo. “Se eles tem vergonha dos candiatos deles, eu não tenho vergonha dos meus candidatos”.

Disse que, eleito, Hélio Costa governará Minas em parceria com Dilma, a quem chamou de “a próxima presidenta do Brasil”. Serviu-se, uma vez mais, da ironia:

“Os tucanos, em alguns lugares, não querem programa do governo federal para não dizer que aceitaram coisa do governo federal. Em outros lugares, utilizam. Mas mudam de nome”.

Referindo-se a Minas, Estado governador por Aécio até abril, pespegou: “Aqui, o [programa] Luz Para Todos virou Luz de Minas. O dinheiro era nosso, mas o nome era deles. Tinha outros proramas que eles mudaram de nome. Com Dilma e Helio não temos vergonha de dizer que somos parceiros”.




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