sábado, 31 de dezembro de 2011

A estrela viva de João Amazonas


Nesses tempos novos, no Brasil e no mundo, novos e, portanto, desafiantes para quem trilha o caminho da transformação social, lembro-me frequentemente de João Amazonas, o construtor e o principal ideólogo do PcdoB. E o faço particularmente hoje, 1o. de janeiro de 2012. Há exatos 100 anos nascia, em Belém do Pará, o dirigente comunista de envergadura internacional, que se tornaria brasileiro dos mais notáveis do século XX, ainda hoje referência necessária no horizonte da luta transformadora. Dos 90 anos que Amazonas viveu, 67 foram dedicados à luta pelo socialismo em nosso País. De 1962 a 2001, foi o dirigente principal do PCdoB. Vasta, portanto, sua experiência. E vasto e fecundo o pensamento que desenvolveu, persistente e agudo, até o fim da vida.

O centenário de nascimento de João Amazonas, neste 1o de janeiro, abre um ano de importantes comemorações do PcdoB, que completa 90 anos de existência e 50 da sua reorganização. O ano de 2012 marca também o quadragésimo aniversário do início da guerrilha do Araguaia.

Militante do Partido já aos 23 anos, Amazonas lutou contra a ditadura do Estado Novo, participou da reconstrução do partido na Conferência da Mantiqueira, em 1943, foi deputado federal constituinte em 1946, opôs-se ao golpe kruchovista na União Soviética, no final dos anos 50, e liderou a reorganização do partido em 1962, quando surgiu a sigla PCdoB, que encarnava o autêntico partido revolucionário, marxista-leninista fundado em 1922. Amazonas esteve à frente dos comunistas em sua luta sem quartel contra o regime militar de 1964 e organizou a guerrilha do Araguaia. De volta do exílio, em 1979, participou, até sua morte, das mais importantes lutas democráticas e patrióticas do povo brasileiro, sempre à frente, sempre destemido e lúcido.

Da tribuna do X Congresso do Partido, em dezembro de 2001, nas vésperas de completar 90 anos, com a voz mansa de sempre e os doces olhos de um avô, pediu que seus camaradas o dispensassem da tarefa de dirigente principal do Partido. Mas garantiu: “Não vou me aposentar. Até o fim estarei a postos em minha banca de trabalho”. Foi ovacionado pelos mais de mil delegados que testemunhavam a história recente do Brasil estampada naquela figura franzina de índio amazônico, cabelos brancos puxados para trás, que se prolongavam para além da cabeça, como estivesse sempre caminhando contra o vento. Morreu em São Paulo cinco meses depois, na cálida tarde outonal de 27 de maio de 2002, em São Paulo.

As novas gerações de comunistas devem prestar mais atenção à trajetória desse brasileiro superlativo, homem com a estatura da História, principal construor, ideólogo e referência teórica e política do PCdoB. Pois como disse Eduardo Galeano, “a luz das estrelas mortas viaja e pelo vôo do seu fulgor nós as vemos vivas”.

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