O centenário de nascimento de João Amazonas, neste 1o de janeiro, abre um ano de importantes comemorações do PcdoB, que completa 90 anos de existência e 50 da sua reorganização. O ano de 2012 marca também o quadragésimo aniversário do início da guerrilha do Araguaia.
Militante do Partido já aos 23 anos, Amazonas lutou contra a ditadura do Estado Novo, participou da reconstrução do partido na Conferência da Mantiqueira, em 1943, foi deputado federal constituinte em 1946, opôs-se ao golpe kruchovista na União Soviética, no final dos anos 50, e liderou a reorganização do partido em 1962, quando surgiu a sigla PCdoB, que encarnava o autêntico partido revolucionário, marxista-leninista fundado em 1922. Amazonas esteve à frente dos comunistas em sua luta sem quartel contra o regime militar de 1964 e organizou a guerrilha do Araguaia. De volta do exílio, em 1979, participou, até sua morte, das mais importantes lutas democráticas e patrióticas do povo brasileiro, sempre à frente, sempre destemido e lúcido.
Da tribuna do X Congresso do Partido, em dezembro de 2001, nas vésperas de completar 90 anos, com a voz mansa de sempre e os doces olhos de um avô, pediu que seus camaradas o dispensassem da tarefa de dirigente principal do Partido. Mas garantiu: “Não vou me aposentar. Até o fim estarei a postos em minha banca de trabalho”. Foi ovacionado pelos mais de mil delegados que testemunhavam a história recente do Brasil estampada naquela figura franzina de índio amazônico, cabelos brancos puxados para trás, que se prolongavam para além da cabeça, como estivesse sempre caminhando contra o vento. Morreu em São Paulo cinco meses depois, na cálida tarde outonal de 27 de maio de 2002, em São Paulo.
As novas gerações de comunistas devem prestar mais atenção à trajetória desse brasileiro superlativo, homem com a estatura da História, principal construor, ideólogo e referência teórica e política do PCdoB. Pois como disse Eduardo Galeano, “a luz das estrelas mortas viaja e pelo vôo do seu fulgor nós as vemos vivas”.
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