sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Espedito Rocha: política e arte em favor da Humanidade

O Brasil (por que não a Humanidade?) perdeu nesta quinta-feira, 18, um emblema do que o século XX produziu de melhor. Espedito Rocha, morto aos 89 anos na ensolarada manhã de primavera, foi um revolucionário comunista da estirpe leninista, inquebrantável em suas convicções, movido por um compromisso visceral com a libertação dos trabalhadores do jugo do capital, árvore solidamente enraizada no solo ideológico pelo qual optou, resistente às tentações do mundanismo, aos apelos desviacionistas.

Colonizador do Norte do Paraná, construtor do Centro Cívico, sindicalista do setor químico, esse pernambucano nascido em 1921 e desde 1938 militante do Partido Comunista do Brasil (que então usava a sigla PCB) viveu com intensidade, sobretudo com profunda convicção e perseverança as vicissitudes da forte e ininterrupta atuação do seu partido nas lutas sociais e políticas no Brasil. Clandestino durante anos, preso político massacrado pela ditadura militar, Espedito resistiu até mesmo dentro das fileiras do seu partido, já então Partido Comunista Brasileiro, lutando contra os que o desejavam agremiação social-democrata. Quando surgiu o PPS, participou da refundação do PCB. Era assim o velho Espedito, inquebrantável, lutando onde era necessário lutar, em quaisquer circunstâncias, contra quem quer que fosse, desde que isso ajudasse a marcha para o socialismo, seu ideal imorredouro e dos tantos que seguiram e seguem seu exemplo.

Em sua lida com a existência humana, Espedito tornou-se artista da madeira, esculpindo-a com maestria, ali expressando o mesmo que expressava na política: a profunda solidariedade que o movia em direção à sua gente.

Na tarde do dia se sua morte, não fui ao velório, Assembleia Legislativa , para lhe render a última homenagem. Homem dessa estatura, dessa dimensão história, merece homenagens que nunca serão as últimas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O roteiro do terceiro turno

Do sítio CARTA MAIOR

Passados 18 dias desde a vitória de Dilma Rousseff sobre Serra, por uma vantagem de 12 milhões de votos, a coalizão demotucana e seu dispositivo midiático não recolheram as garras um só minuto. Cinco dias após o revés nas urnas, o candidato da derrota estava em Biaritz levando um 'por que no te callas', em resposta a tentativa de armar o palanque de oposição em território francês.

O jornalismo nativo não deixa por menos. Cumpre religiosamente o roteiro do terceiro turno. Dia sim, dia não, tem uma crise produzida, maquiada e estampada nas capas da mídia conservadora --disputa por ministérios; desfeita de Lula a Celso Amorim; desindustrialização galopante; impasse do salário mínimo;crise na Petrobrás pós-capitalização; denuncismo contra a equipe de transição; denuncismo contra supostos candidatos a ministro; crise do ENEM; veto do IBAMA a Belo Monte etc etc. Em resumo, não se disfarça a intenção de minar a autoridade da Presidente eleita antes mesmo de sua posse. Agora, a Folha se prepara para dar legitimidade 'jornalística' a um relatório produzido dos porões da ditadura militar sobre a militancia revolucionária de Dilma Rousseff quando jovem. O enredo dessa trama está para a isenção jornalística assim como o rio Tietê para a preservação do meio ambiente.

A aposta em curso é que, uma vez Lula fora da cena política, não haverá força capaz de deter o trator oposicionista, cujas rodas em poucos meses estarão transitando por cima do cadáver político do novo governo. Desta vez, ao contrário do que ocorreu em 2005/2006 eles não hesitarão em lavrar um pedido de impeachment para materializar o terceiro turno agora esboçado. Com a palavra, os movimentos sociais.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Irmão de Lula: "Ele não foi eleito presidente para ajudar a família".

O reporter Fabio Victor, da Folha de São Paulo, mostra a vida modesta dos irmãos de Lula, exemplo categórico de que o Presidente não governa para os seus - familiares, amigos e correligionários - mas para o Brasil e os brasileiros. A notícia que a FSP estampa nesta segunda-feira, 15, poderia tornar-se uma bela reportagem. Mas seria exigir demais do jornalismo brasileiro contemporâneo, mais afeto ao texto curto e superficial.


Vavá tinha 108 canários do reino, hoje não resta nenhum. O motivo: os ratos de telhado que invadiam o viveiro do seu sobrado na periferia de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo.

A casa simples onde mora Vavá, ou Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Lula, é a mesma há 36 anos.

Às vésperas do segundo turno da eleição, ele conversou por uma hora com a Folha. De início, gritou para a mulher, que atendeu o portão, que não queria papo. Mas logo cedeu e convidou a reportagem a entrar.

Primeiro falou na apertada sala (5 m2), decorada com móveis tipo Casas Bahia, azulejo barato, uma TV grande e três quadros: uma foto oficial do presidente (com o autógrafo "Para o meu querido irmão Vavá, um abraço do Lula"); um retrato em preto e branco da mãe, dona Lindu, e um quadro bordado de uma mulher-anjo.

Depois, no terraço do primeiro andar nos fundos da casa, onde havia a criação, contou que os ratos arruinaram os canários e ele foi forçado a dar os que restaram.

Personagem do noticiário em 2007, quando foi indiciado pela Polícia Federal por tráfico de influência e exploração de prestígio na Operação Xeque-Mate (que investigou máfia de caça-níqueis), Vavá foi excluído da denúncia do Ministério Público.

"Os caras pensam que a gente é milionário. Quebraram a cara. Desmoralizam você, te jogam no lixo. Se não tiver cabeça, acabou."

Aposentado como supervisor de transporte da Prefeitura de São Bernardo, pouco sai de casa. Ainda se ressente de seis cirurgias nos últimos anos (no fêmur e na coluna).

DUREZA

A poucos dias de Lula deixar a Presidência, após oito anos no cargo, os seus seis irmãos vivos moram em situação semelhante à de Vavá, alguns com maior dureza.

O primogênito, Jaime, 73, vive numa periferia pobre de São Bernardo, acorda diariamente às 4h30 e vai de ônibus para o trabalho, numa metalúrgica na Vila das Mercês, zona sul de São Paulo.

Marinete, 72, a mais velha das mulheres, que foi doméstica na juventude e hoje não trabalha, é vizinha de Vavá.

Quando a Folha o entrevistava, ela surgiu no terraço dos fundos do seu sobrado, colado ao dele, para checar um contratempo. "Não tem água. Acabou a água da rua e estou sem água", queixou-se. "Marinete do céu, nenhuma das duas [da rua ou da caixa]?", questionou Vavá.

O fotógrafo da Folha subiu no muro para checar o registro da caixa d'água. "Ó o sujeito... Ah, você não vai subir, não. Filhinho de papai, não sabe subir em muro", gracejou Marinete.

Vavá, 71, é o terceiro. É seguido por Frei Chico (José Ferreira da Silva), 68, o responsável por introduzir Lula no sindicalismo. Metalúrgico aposentado, Frei Chico recebe ainda uma indenização mensal de R$ 4.000 por ter sido preso e torturado na ditadura. Presta assessoria sindical e mora em São Caetano.

Maria, a Baixinha, 67, e Tiana (cujo nome de batismo é Ruth), 60, a caçula -Lula, 65, está entre as duas-, completam a família. A primeira vive no mesmo bairro que Vavá e Marinete e não trabalha; Tiana, merendeira numa escola pública, mora na zona leste de São Paulo.

Esses são os sobreviventes dos 11 filhos de dona Lindu com o pai de Lula, Aristides -que teve vários outros filhos com outras mulheres.

SAÚDE

Todos os irmãos do presidente Lula têm problemas de saúde. Jaime e Maria enfrentaram cânceres. Frei Chico é cardíaco. Vavá tem complicações ósseas. Marinete está com uma doença grave que os irmãos não revelam.

"Só tem o Lula bom ainda", afirma Frei Chico.

Os parentes dizem não receber auxílio financeiro do presidente e não se queixam disso. "Ele não foi eleito presidente para ajudar a família. Seria ridículo se desse dinheiro", declara Vavá.

"Não tem o que dizer. O Lula tem a vida dele, temos a nossa. Ainda posso trabalhar, trabalho", diz Jaime.

Frei Chico conta estar aliviado com o fim do mandato de Lula na Presidência. Ele acredita que vai cessar o assédio aos irmãos em busca de atalhos até o Planalto.

"Para nós, só tem a melhorar. Vamos ficar mais tranquilos em relação à paparicagem. É muita gente enchendo o saco, gente que achava que a gente podia fazer alguma coisa", afirma.

Os irmãos não têm ilusão de que, ao deixar Brasília, Lula seja assíduo nas reuniões familiares. "Estamos envelhecendo, a família vai chegando ao fim e assumem os filhos e sobrinhos, a família lateral", diz Vavá.

O consolo é pensar que o irmão famoso estará mais perto. "Ele disse que não vê a hora de voltar [para São Bernardo] para descansar um pouco. Ele está muito cansado. O Lula tem trabalhado muito", afirma Marinete.

domingo, 14 de novembro de 2010

O meu Brasil é com "S"

Em belo texto veiculado pela Folha de S. Paulo, em sua edição de 14 de novembro, o primeiro-ministro José Sócrates, de Portugal, despede-se de Lula.


Raros são os políticos que dão o seu nome a um tempo. Os "anos Lula" mudaram o Brasil. É outro país: mais desenvolvido economicamente, mais avançado tecnologicamente, mais justo socialmente, mais influente globalmente.

Uma democracia mais consolidada, uma sociedade mais coesa e mais tolerante. Sabemo-lo hoje: no Brasil, o século 21 começou em 1º de janeiro de 2003, o dia inaugural da Presidência de Lula.

Quero ser claro: Lula mostrou que a esquerda brasileira sabe governar. Causas, sim, mas competência também; princípios políticos, mas também eficácia técnica; realismo inspirado por ideais que nunca se perderam.

Este presidente, oriundo do PT, deu à esquerda brasileira credibilidade, modernidade, força e maturidade. A grande oportunidade da sua eleição não foi uma promessa incumprida ou um sonho desfeito.

Ao contrário, com Lula, a esquerda ganhou crédito e consistência; o Brasil, reputação e prestígio.

Sou testemunha das reservas, se não do ceticismo, com que a "intelligentzia" recebeu a eleição de Lula da Silva. Hoje, na hora do balanço, a descrença transmutou-se em aplauso; a expectativa, em admiração. É essa a "alquimia" Lula.

Os números falam por si: crescimento econômico, equilíbrio financeiro, reputação nos mercados, milhões de pessoas arrancadas à extrema pobreza, salto inédito na educação e na formação profissional, melhoria do rendimento que alargou e consolidou a classe média brasileira.

Lula era o homem certo. A sua história pessoal e política permitiu dar à esquerda uma nova atitude e ao Brasil um novo horizonte. Sem complexos e sem desfalecimentos, o antigo sindicalista esperou e preparou longamente o encontro com o seu povo. Se falhasse, não falharia apenas ele: falharia um ideal, um sonho, um projeto, esperança do tamanho de um continente.

Foi também nesses anos vitais que o Brasil se afirmou como o grande país que é. "Potência emergente", como é habitual dizer, assume-se -e vai se assumir cada vez mais- como um dos grandes países que marcam o mundo contemporâneo. Pela sua grandeza e pela sua energia, tem tudo o que é necessário para isso.

Portugal tem orgulho deste grande país, com quem partilha uma língua, uma fraternidade, um passado, um presente e um futuro. Tudo isso queremos valorizar e projetar: aos sentimentos que nos unem, juntamos os interesses que nos são comuns; à memória conjunta associamos visão partilhada do futuro.

Para Portugal e para todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a importância do Brasil no mundo do século 21 é um motivo de alegria e uma riqueza imensa, com potencialidades em todos os planos: econômico, cultural, linguístico, político, geoestratégico.

A vida política de Lula é uma longa corrida feita com ritmo, esforço, persistência. As palavras que ocorrem são tenacidade e temperança, clássicas virtudes da política. Tenacidade para fazer de derrotas passadas vitórias futuras. Temperança que lhe ensinou a moderação, o equilíbrio e a responsabilidade que o tornaram o presidente que foi.

Na hora da despedida, quero prestar-lhe, em meu nome pessoal e em nome do governo português, uma homenagem feita de amizade, reconhecimento e admiração. Lembro os laços que firmamos, os projetos que comungamos, os encontros que tivemos, nos quais se revelou, invariavelmente, um grande amigo de Portugal.

Lembro, em especial, o trabalho que desenvolvemos para que durante a presidência portuguesa da União Europeia fosse possível a realização da primeira cúpula UE-Brasil, um ponto de viragem nas relações entre a Europa e o Brasil.

Na passagem do testemunho à presidente eleita, Dilma Rousseff, que felicito vivamente e a quem desejo as maiores felicidades, renovo a determinação de prosseguirmos juntos e reafirmo, na língua que nos é comum, o nosso afeto e a nossa gratidão. Mais do que nunca, "o meu Brasil é com "S'". "S" de Silva.

Lula da Silva. Saravá!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Luiz Dulci: mídia tentou esconder movimentos sociais

A seguir, a palavra do Ministro Luiz Dulci sobre a tentativa da grande mídia brasileira, caolha e interesseira, de apagar o movimento social dos últimos oito anos.

É preciso dizer que, nesses oito anos, a imprensa conservadora fez campanha permanente para desqualificar os movimentos sociais e sua relação com o governo. Usou para isso três armas poderosas: a invisibilidade, a desmoralização e a aberta criminalização. Ela simplesmente escondeu, cancelou do noticiário, as principais mobilizações populares do período e as conquistas obtidas, no afã de carimbar as entidades civis como omissas, cooptadas.


A julgar pelas TVs, rádios, revistas e jornais, com raríssimas exceções, é como se não tivessem existido as três grandes marchas da classe trabalhadora pelo emprego e pelo salário, cada uma delas levando a Brasília 40 mil, 50 mil participantes; ou os Gritos da Terra, realizados anualmente em todo o país; ou as enormes caravanas da agricultura familiar e da reforma agrária; sem falar nas esplêndidas Marchas das Margaridas, que nunca contaram com menos de 30 mil mulheres do campo; ou as diversas e massivas jornadas de luta estudantil em defesa da escola pública; e os dias nacionais da consciência negra e dos direitos das mulheres, entre tantos exemplos que poderíamos citar, nos mais variados setores da vida brasileira.

Toda essa vitalidade democrática foi, na verdade, deliberadamente omitida para não desmentir a tese preconcebida da desmobilização completa dos movimentos e de sua suposta estatização . Em alguns casos, tentou-se criminalizá-los, promovendo CPIs (das ONGs e do MST), quebra de sigilos bancários de militantes, processos judiciais, etc. Caso contrário, essa mídia teria que admitir que, se não há mais manifestações contra a Alca, é porque derrotamos a proposta da Alca, e hoje avança a integração soberana dos povos do continente; se não há mais atos públicos contra as privatizações, é porque não há mais privatizações, e sepultou-se o dogma destrutivo do Estado mínimo; se não há protestos contra o desemprego e o arrocho salarial, é porque o país criou, durante o governo Lula, 14 milhões de novos postos de trabalho e a classe trabalhadora teve expressivos ganhos reais, com forte elevação da massa salarial.

O que eles não percebem é que, hoje, os movimentos sociais não estão mais na fase de resistência. Junto com o país, passaram à ofensiva. Já não lutam para impedir a supressão de direitos, como acontecia nos governos de Fernando Henrique, e sim para ampliá-los e universalizá-los. Mobilizam-se, a partir de sua autonomia, para aproveitar os espaços de democracia participativa e alargá-los ainda mais. Querem intensificar o atual ciclo de crescimento econômico, distribuindo cada vez melhor os seus frutos. Lutam para que os recursos do pré-sal beneficiem o conjunto da população e sejam de fato destinados à igualdade social e à revolução educacional, cultural e científica a que o país almeja.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

500 anos esta noite

Pedro Tierra


De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.
De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.

Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?

Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.

Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata

e rebenque, o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.

Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.

Brasília, 31 de outubro de 2010

Vitória do povo. O Brasil segue avançando

A eleição de Dilma Roussef à Presidência da República, que os brasileiros consagraram neste domingo, é mais um passo – um passo decisivo – no processo inaugurado em 2002 com a eleição do Presidente Lula. Um passo que deverá impulsionar ainda mais a construção de um Brasil democrático, soberano e socialmente justo.

Esse “terceiro mandato democrático e popular” (para usar a expressão do portal Vermelho, em seu editorial deste domingo, 31) terá pela frente não apenas o desafio de manter e aprofundar o patrimônio transformador legado pelo Presidente Lula, como de criar novos caminhos de avanço social

Reduzir as desigualdades sociais, que ainda não grandes em nosso País, aperfeiçoar nossa ainda frágil democracia, fortalecer a soberania nacional sempre ameaçada por hegemonismos agressivos são alguns dos desafios que a Presidente Dilma Roussef terá pela frente a partir de 1o de janeiro próximo.

Enfrentar esses desafios essenciais significa promover reformas estruturais e, por decorrência, atingir interesses das elites que tradicionalmente mandaram no Brasil. As reformas política, tributária e agrária, a quebra do monopólio midiático, a preservação da soberania brasileira sobre o pré-sal são alguns desses desafios. Algo, portanto, que exigirá a permanente mobilização do povo brasileiro e a sólida união das forças políticas democráticas e progressistas, nucleadas pela esquerda.

A Presidente Dilma Roussef tem todas as condições para trilhar com sucesso essa trajetória. Seu consistente pronunciamento após o anúncio da vitória, no domingo à noite, apontou convicções firmes e disposição para seguir adiante a partir do legado de Lula. Contará com maioria no Senado e na Câmara dos Deputados, o apoio de boa parte dos governadores e um amplo respaldo social.

Sobre as eleições presidenciais deste ano ainda cabe exame mais minucioso. Há considerações várias e lições a extrair. Mas, por ora, o fato mais alvissareiro é que o Brasil amanheceu nesta segunda-feira tendo espantado o fantasma do retrocesso. Mantém-se no caminho certo, com muito ainda a caminhar, mas no rumo certo. Resta agora o robustecimento da frente política formada em torno da candidatura Dilma, um campo de forças capaz de sustentar e impulsionar o avanço. Disseram-me ontem que o Presidente Lula, a partir de janeiro, se dedicará, entre outras, a essa tarefa estratégica. Mais uma vez, alvíssaras!